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quinta-feira, 18 de julho de 2024

Mimese, gêneros literários e catarse

A mimese, conceito fundamental na teoria literária, apresenta diferenças significativas nas abordagens de Platão e Aristóteles. Enquanto Platão considerava a imitação como uma cópia imperfeita do mundo sensível, algo que leva à ilusão e afasta do conhecimento verdadeiro das ideias, Aristóteles enxergava a mimese como uma forma de representação artística que buscava imitar a realidade de forma verossímil, trazendo à tona verdades universais por meio da emoção e da persuasão, contribuindo para o entendimento da natureza humana.  

Vários teóricos ao longo da história discutiram a ideia de imitação na arte, como Horácio, que destacou a importância da verossimilhança na poesia, e Todorov situou-se em uma perspectiva teórica filosófico-culturalista. No entanto, foi com Aristóteles que a mimese ganhou destaque como princípio central na criação artística.  

Explorando os gêneros literários, podemos destacar autores como Machado de Assis e William Shakespeare, que transitaram entre diferentes gêneros, misturando elementos da tragédia, comédia, romance e outros, em suas obras. Enquanto Machado de Assis inovou na prosa brasileira, misturando elementos de tragédia e comédia em obras como "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas", William Shakespeare se destacou na tragédia e na comédia, criando obras atemporais como "Hamlet" e "Sonho de uma Noite de Verão".  

A catarse, por sua vez, é um conceito desenvolvido por Aristóteles na "Poética", consiste na purificação das emoções do espectador por meio da identificação com as situações dramáticas representadas na obra. Ampliando esse conceito, podemos pensar na catarse não apenas como uma emoção purificadora, mas também como um processo de reflexão e compreensão das complexidades e contradições da condição humana, promovendo a empatia e a conexão entre o público e a obra.  

Assim, a literatura, por meio da mimese, dos gêneros literários e da catarse, desempenha um papel crucial na reflexão sobre a vida humana, estimulando a imaginação, a compreensão do mundo e a busca por significados mais profundos.  

Cláudia Forte.